Presídio Central aceita doação para sua Escola de Artes

Publicado: 04/06/2016 | Atualização: 06/06/2016

Na primeira fase do projeto da Escola de Artes, o Presídio Central de Porto Alegre (PCPA) está recebendo cimento, tijolo, tinta, pincel e lixa para a conclusão do espaço da escola, que toma forma pelas mãos dos apenados ligados à Atividade de Valorização Humana (AVH). Até o momento, os recursos financeiros dependeram de doações. A ideia é inaugurar a escola ainda este mês.

A necessidade de mais espaço para a criação de esculturas, quadros, brinquedos infantis e bancos em madeira fez com que se pensasse na readequação das atividades para uma sala própria, uma Escola de Artes. A sugestão partiu dos próprios presos, que tiveram todo apoio da direção do PCPA.

A soldado Lizandra Lopes, da Assessoria de Assuntos Estratégicos do PCPA, explica que já existe um projeto para levar entidades parceiras para ministrar cursos na área das Artes no Presído Central, a fim de estimular novas técnicas. "Pretendemos estabelecer parceria com a Casa do Artesão para que viabilize carteiras do Artesão, e assim, eles possam ter mais chances no mercado de trabalho quando progredirem para a liberdade", falou.  

Para o diretor do PCPA, tenente-coronel Marcelo Gayer, a Escola de Artes vai proporcionar um incremento para a inclusão social. "Vamos desenvolver oficinas, cursos e palestras", explicou. Gayer reconheceu as dificuldades para aquisição de recursos para finalizar o projeto, "mas com o apoio de todos os voluntários já chegamos até aqui. Não pretendemos parar, pois temos capacidade de oferecer ferramentas de inclusão para que eles sintam-se úteis no sistema prisional, e mais qualificado para o mercado de trabalho".

Do lixo à recuperação

O tatuador E.E compartilha, diariamente, seu conhecimento com os demais colegas, na salinha lotada de madeiras bruta, ferro, tintas, quadros e brinquedos infantis. Ao ruído do motor das serradeiras e do martelinho esculpindo a madeira, cada um vai dando forma e cor à sua criação. Ele disse que a oficina é autossustentável. "Um pedaço de madeira pode se transformar num porta incenso", falou.

A Escola de Arte vai precisar de tinta, pincéis, cadeiras, palets, sucata, tocos de árvores para esculturas e tecidos para telas. A verba das peças comercializadas é revertida na compra de mais matéria prima. "Investimos também em melhorias da oficina", informou. "Nossa maior carência é a madeira, mas aceitamos ferramentas, costaneira, furadeira, lixadeira e esmerilhadeira para nossa oficina permanecer em atividade. Aproveitamos tudo aqui", concluiu.

"Tentamos oferecer meios de inclusão social para que eles se recuperem e não voltem a reincidir no crime. A orientação que passo pra eles, diariamente, é que aproveitem as oportunidades na prisão", falou o sargento da Brigada Militar, Antonio Prestes. Para ele, esses presos precisam de estímulos, ajuda e reconhecimento da sociedade, "são artistas natos", definiu.

Diversos eventos já expuseram o trabalho dos presos. No entanto, a direção precisa do apoio da sociedade para ampliar este trabalho e incentivar talentos. O tempo ocioso dará lugar à criatividade e à vocação para o bem.


Texto: Neiva Motta/Ascom Susepe
Edição: Denise Camargo/Secom