'A Modernidade Impressa' ganha Prêmio Açorianos de Literatura

Publicado: 29/11/2016 | Atualização: 07/09/2017
A pesquisa, que resultou no livro, também se tornou uma exposição na Pinacoteca do Margs, entre junho e agosto deste anoFoto: Cláudia Antunes/Sedac

O livro 'A modernidade impressa - artistas ilustradores da Livraria do Globo — Porto Alegre' ganhou o troféu de Livro do Ano. Com pesquisa, organização e curadoria de Paula Ramos, o livro também foi contemplado na categoria Especial, na qual concorreu com 'Antônio Chimango', organizado por Luís Augusto Fischer, e 'Elis – uma biografia musical', de Arthur de Faria. O Prêmio Açorianos de Literatura Adulta e Infantil 2016 teve seus vencedores divulgados durante a Noite do Livro, nessa segunda-feira (28), no Teatro Renascença.

A pesquisa, que resultou no livro, também se tornou uma exposição na Pinacoteca do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) entre 25 de junho e 21 de agosto deste ano, e foi recordista de visitação em 2016— cerca de 19 mil pessoas passaram pelo museu em dois meses.

O livro conta a história da Livraria do Globo a partir de sua produção gráfica, enfatizando os artistas ilustradores que trabalharam na Seção de Desenho da empresa, na primeira metade dos século XX, sob a gerência do designer alemão Ernst Zeuner (1895–1967). Entre eles, alguns dos principais nomes do cenário artístico local: Sotero Cosme (1905–1978), João Fahrion (1898–1970), Edgar Koetz (1914–1969), Nelson Boeira Faedrich (1912–1994), João Faria Viana (1905–1975), João Mottini (1923–1990) e Vitório Gheno (1923).

Em grande formato (30 x 24 cm), com 656 páginas e 1.368 imagens, o livro tem coordenação editoral, pesquisa e texto de Paula Ramos; produção executiva e produção gráfica de Gilberto Menegaz; reproduções fotográficas de Fabio Del Re e Carlos Stein; projeto gráfico de Sandro Fetter e de Paula Ramos. 

Sobre a livraria do Globo

Quando se fala em 'Globo' nos dias de hoje, pensa-se instantaneamente no conglomerado da área da comunicação estruturado pelo jornalista Roberto Marinho, no Rio de Janeiro. Entretanto, ao longo de décadas, a marca 'Globo' esteve relacionada a outro cenário: Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

Surgida em 1883 como uma modesta papelaria junto à antiga Rua da Praia, a Livraria do Globo (mais tarde, Editora Globo) foi não somente uma das mais prósperas empresas sulinas do século XX, como revolucionou o cenário editorial e a linguagem gráfica brasileira. Foi a Globo que traduziu pela primeira vez para o português autores fundamentais como Thomas Mann, Virginia Woolf, Aldous Huxley, Somerset Maugham e William Faulkner. Também foi a Globo que revelou escritores como Erico Verissimo, Mario Quintana, Augusto Meyer e Dyonélio Machado.

Entre seus grandes investimentos editoriais, estão a edição da 'Comédia humana' (1946–1955) de Honoré de Balzac, publicação em 17 volumes considerada um marco editorial brasileiro. A Globo teve mais de dez coleções, todas de imenso sucesso, a exemplo da Coleção Amarela, com os títulos de suspense assinados por nomes como Edgar Wallace e Agatha Christie; a Coleção Universo, com o sempre best-seller Karl May e suas histórias com índios e bandoleiros; a Coleção Nobel, pela qual saíram os principais nomes da literatura internacional, como Marcel Proust, James Joyce e Joseph Conrad; a Coleção Tucano, iniciativa no formato pocket, entre outros vários títulos. Foram mais de dois mil títulos, que fizeram da editora, entre as décadas de 1930 e 1940, a segunda maior do Brasil.

A Globo também publicou revistas: Revista do Globo (1929–1967),  A Novela (1936–1938) e Província de São Pedro (1945–1957), esta última importante veículo de intercâmbio entre intelectuais sulinos e de outras regiões do país. 

Sobre a autora

Paula Ramos nasceu em Caxias do Sul em 1974 e é crítica e historiadora da arte, professora e pesquisadora do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), onde atua nos cursos de graduação em História da Arte e Artes Visuais, bem como no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV/UFRGS).

Jornalista de formação, com mestrado e doutorado em Artes Visuais, com ênfase em História, Teoria e Crítica de Arte, fez Estágio Doutoral na Kassel Universität, na Alemanha.

Foi repórter especial e editora da revista Aplauso, publicação voltada à cultura no Rio Grande do Sul. É autora e organizadora de várias obras no segmento das artes visuais. Também assina várias curadorias de arte moderna e contemporânea, muitas das quais agraciadas com o Prêmio Açorianos de Artes Plásticas – Categoria Curadoria.



Texto: Cláudia Antunes/Ascom Sedac

Edição: Denise Camargo/Secom